Após conhecer o histórico da administração antes da ciência e como ela passou a ser tratada como disciplina científica, conheça agora mais informações sobre a Escola Humanística da Administração.

3.4.1 – Teoria das Relações Humanas

A Teoria das Relações Humanas tem suas origens com as necessidades de se humanizar e democratizar a administração, com o desenvolvimento das ciências humanas, notadamente a psicologia, mas principalmente com as conclusões das experiências de Hawtorne.

A experiência de Hawtorne, realizada em 1927, recebeu este nome pois foi realizada na fábrica da Western Eletric Company em Hawtorne, Chicago, Estados Unidos. Foi coordenadar por Elton Mayo, que queria relacionar a produção e outros fatores de acréscimo e/ou decréscimo da produção ao grau de iluminação do local de trabalho. Resumidamente separaram os funcionários em dois grupos sendo um chamado de grupo de controle e o outro de grupo experimental.

O grupo de controle seguiu com os mesmos processos de produção aos quais já estavam trabalhando. Ao grupo experimental, coube mudança nas condições de trabalhos. No entanto o grupo experimental, sabia das intenções da pesquisa, que era diminuir a produção de acordo com as dificuldades na execução das tarefas.

De acordo com as idéias da Escola Clássica da Administração a pesquisa falhou. Entretanto foi possível concluir que: o nível de produção não é determinado pela capacidade física ou fisiológica do empregado; o comportamento do indivíduo se apóia totalmente no comportamento do grupo; o comportamento dos trabalhadores está condicionado a normas e padrões sociais; existem grupos informais, independentes da definição formal da empresa, responsáveis por entre outras coisas, recompensas ou sanções sociais; relações humanas desenvolvidas a partir dos contratos entre pessoas e grupos influem nas atitudes e dos grupos aos quais mantém  contato; a especialização não é a maneira mais eficiente da divisão de trabalho, pois trabalhadores trocavam de funções para evitar a monotonia; elementos emocionais não planejados e irracionais do comportamento humano merecem atenção especial .

Em antítese à Escola Clássica da Administração, Mayo defende que: o trabalho é uma atividade grupal; o operário não reage como indivíduo isolado, mas como membro de um grupo social; a tarefa básica da administração é formar uma elite capaz de compreender e de comunicar; o ser humano é motivado pela necessidade de “estar junto”, de “ser reconhecido”; e, a civilização industrial traz como conseqüência a desintegração dos grupos.

Em decorrência da Teoria das Relações  Humanas, Kurt Lewin estudou a motivação e chegou a duas suposições fundamentais: o comportamento humano é derivado da totalidade dos fatos existentes e que estes têm caráter de um campo dinâmico no qual cada parte do campo depende de uma inter-relação com as demais outras partes.

A Teoria das Relações Humanas pode constatar as necessidades dos indivíduos, que podem aumentar os estágios de motivação: necessidades fisiológicas, psicológicas e de auto-realização.

Foi a partir da Teoria das Relações Humanas  que é introduzida a literatura sobre moral. Moral possui um conceito abstrato, mas “é uma decorrência de um estado motivacional provocada pela satisfação ou não satisfação das necessidades individuais das pessoas”. CHIAVENATO (2000:132).

A Teoria das Relações Humanas que se preocupa com a influência da liderança sobre o comportamento das pessoas. Enquanto a Escola Clássica se preocupava a autoridade formal, a experiência de Hawtmore mostrou a influência dos líderes informais que mantinham o controle sobre o grupo, ajudando os operários a agirem como grupo coeso e integrado.

Além da Escola Humanística da Administração

Lembre-se: didaticamente, a administração é dividida nas escola clássica, humanística, neoclássica, estruturalista, comportamental, sistêmica e contingencial.

Após conhecer o histórico da administração antes da ciência e como ela passou a ser tratada como disciplina científica, conheça agora mais informações sobre a Escola Clássica da Administração.

O início da Escola Clássica da Administração tem quatro principais autores: Taylor, Fayol,  Urwick e Gulick. Destes vamos destacar Taylor com a Administração Científica e Fayol com a Teoria Clássica da Administração.

3.3.1 – Teoria da Administração Científica

A administração científica começa com os estudos de tempos e movimentos de Frederick Winslow Taylor (1856-1915), que resumidamente em Shop Management de 1903 sugere que o objetivo da administração é reduzir custos de produção, podendo assim pagar melhores salários; que para atingir estes objetivos será necessário aplicar métodos científicos de pesquisa para obter padronização dos processos; e que os empregados devem estar em seus postos e em condições de trabalho para que as ordens possam ser cumpridas; os empregados devem ser treinados para melhorar suas aptidões.

Devido a problemas encontrados na implantação de seus sistemas, em Princípios de Administração Científica, de 1911, Taylor sugere que a racionalização do trabalho deve ser acompanhada de uma reestruturação da empresa para que esta pudesse aplicar seus estudos. Neste momento Taylor desenvolve a administração científica.

Os elementos da Administração Científica são segundo CHIAVENATO (2000:55): “estudo dos tempos e padrões de produção; supervisão funcional; padronização de máquinas, ferramentas, instrumentos e materiais; planejamento do desenho da tarefa e cargos; princípio da exceção; prêmios de produção pela execução eficiente das tarefas; definição das rotinas de trabalho.” Taylor também sugere a organização racional do trabalho (OCR) fundamentada em: “análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos; estudo da fadiga humana; divisão do trabalho e especialização do operário; incentivos salariais e prêmios de produção; conceito do homo economicus; condições ambientais de trabalho, como iluminação conforto, etc; padronização de métodos e de maquinas; supervisão funcional” CHIAVENATO (2000:56).

3.3.2 – Teoria Clássica da Administração

Henri Fayol (1841-1925) descreveu  suas teorias administrativas no livro Administration Industrille et Générale, publicado em 1916. De acordo com CHIAVENATO (2000:83), segundo Fayol são funções básicas das corporações “Funções técnicas, relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa; funções comerciais, relacionadas com a compra, venda e permutação; funções financeiras relacionadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas; funções contábeis, relacionadas com os inventários registros balanços custos e estatísticas; e, funções administrativas. Relacionadas com a integração da cúpula das outras cinco funções”.

Foi Fayol que definiu administrar como PO3C. PO3C é acrônimo para Prever, Organizar, Comandar, Coordenar e Controlar.

Além da Escola Clássica da Administração

Lembre-se: didaticamente, a administração é dividida nas escola clássica, humanística, neoclássica, estruturalista, comportamental, sistêmica e contingencial.

Após conhecer como foi o desenvolvimento da administração ao longo do tempo, agora é importante conhecer a administração como ciência.

Segundo SILVA (2006:8) o conhecimento científico resulta de uma investigação metódica e sistemática da realidade, buscando as causas dos fatos e as leis que os regem. Desta forma, a administração somente pode ser encarada como uma ciência, a partir do século XVIII, quando vários teóricos começaram a escrever sobre o assunto.

É interessante notar que durante o período inicial do desenvolvimento científico da administração, esta se confundia com outras áreas. Era praticamente impossível de se encontrar teóricos que dissertassem apenas sobre administração. Os teóricos que iniciaram o estudo da administração como ciência, falavam também sobre economia, sociologia, psicologia além de outras áreas do saber.

Neste trabalho estamos fazendo uma abordagem dialética das ciências administrativas, ao invés de uma abordagem cronológica. Isto significa dizer que em vez de seguirmos uma linha de tempo, seguiremos a apresentação das ideias, suas respectivas oposições e por fim seu resumo, ao qual chamamos de tese, antítese e síntese. As sínteses são as escolas da administração.

O motivo de escolhermos  a abordagem dialética é o fato que as escolas administrativas e suas respectivas teorias sugiram em vários locais do mundo, em diferentes épocas e nem sempre seguindo uma cronologia determinada. Desta forma, para explicar uma teoria teremos em alguns momentos retroceder no tempo e citar o que outros autores propunham em outros cantos do planeta.

Além da Administração como Ciência

Não se esqueça: didaticamente, a administração é dividida nas escola clássica, humanística, neoclássica, estruturalista, comportamental, sistêmica e contingencial.

Para aprofundar os conhecimentos sobre a Administração de Empresas é importante conhecermos como era a Administração antes da Ciência, isto é, antes do desenvolvimento científico da Administração.

É muito difícil separar o estudo das teorias administrativas e organizacionais do estudo das relações sociais humanas. Podemos retroceder 7.000 anos notaremos que o homem pré-histórico segundo MELLAART (1965:11), em muitos a sociedade primitiva era, provavelmente, tão complexa quanto a nossa, destacando nos mais diversos tipos de organizações, as formas de práticas do comércio, formas de educação dos pais em relação aos filhos, castigos aos malfeitores, rituais de culto dos deuses, modos de comer, entre outros.

GEORGE JR (1974:9-10) realiza uma interessante cronologia identificando as principais contribuições dos povos antigos à formação do pensamento administrativo.

Data Aproximada	Indivíduo ou Grupo Étnico	Principais contribuições administrativas
5.000 a.C.	Sumérios	Escrita; Escrituração de registros mercantis.
4.000 a.C.	Egípcios	Reconhecida necessidade de planejamento, organização e controle.
2700 a.C.	Egípcios	Reconhecida a necessidade de honestidade ou lisura na administração
2600 a.C.	Egípcios	Descentralização da Organização.
2000 a.C.	Egípcios	Reconhecida a necessidade da palavra escrita em petições (formalismo). Uso de conselheiros privados (Staff).
1800 a.C.	Hamurabi (Asíria)	Uso de testemunhas e escrita para controle; estabelecimento do salário mínimo, reconhecimento de que a responsabilidade não pode ser transferida (centralização).
1600 a.C.	Egípicios	Centralização na organização.
1491 a.C.	Hebreus	Conceitos de organização, princípios de escalar (escala de serviços), princípio de exceção (somente desvios significativos deveriam ser levados aos superiores).
1100 a.C.	Chineses	Necessidade reconhecida de organização, planejamento, direção e controle.
600 a.C.	Nabucodonozor (Babiônia)	Controle da produção e incentivos salariais.

Quadro 1: Principais Contribuições Administrativas Em Parte da Antiguidade.

Fonte: Adaptado de GEORGE JR, apud BARROS (2001:2)

Estes exemplos servem para mostrar que, ao longo da história da humanidade, as teorias da administração evoluíram de forma empírica. Ou seja a administração era feita através de conhecimento segundo SILVA (2006:8) prático, popular, vulgar de senso comum, (…) através de várias tentativas de erros e acertos, independentemente de estudos, pesquisas ou aplicações de métodos.

Como exemplo de organizações que podemos citar antes da administração científica, temos a organização da Igreja Católica, as organizações militares.

A Igreja Católica estruturou sua organização com uma hierarquia de autoridade, um estado maior e a coordenação funcional CHIAVENATO (2000:28) É construída de forma que apenas o Papa possui controle de toda a organização. São apenas 3 os números de níveis hierárquicos. Os Padres, os Bispos e o Papa.

As organizações militares muito influenciaram as teorias da administração. “Organização Linear”, “Princípio da unidade de comando”, “Escala Hierárquica”, que veremos a frente, são princípios militares incorporados pelos teóricos da administração.